terça-feira, 16 de agosto de 2016

However, however,
also had swords and pennants 
of colours.
In the Spring of which I dreamt 
of me. 
Also the hope 
Drizzled the fields of my 
involuntary vision, 
Also had I, whom also smiled me.
Today I am as an itself 
who had been another. 
Who I was does not remember me 
otherwise as a history joined. 
Who I will be does not interest me, 
as the future of the world.
I fell down the stairs suddenly, 
And even the sound of the precipitation 
was to be the laughter of the fall. 
Each step was a hard and 
importunate witness
Of the ridiculous that I did of myself.
Poor of him who lost the place 
offered by not having 
a clean coat to be appeared with, 
But poor man also, 
he who being rich and noble, 
Lost the place in love 
by not having a good coat 
inside the desire. 
I am impartial as the snow. 
I have never preferred 
the poor man to the rich one, 
As, in myself, 
I have never preferred 
nothing to nothing.
I always saw the world 
independently of myself. 
Behind that were my truly 
alive sensations , 
But that was another world. 
However, never did I in my sorrow 
see black what was orange coloured. 
Above all the external World! 
I shall bear myself and with the myselfs of me.
(I shall bear myself - Fernando Pessoa)
Contudo, contudo, 
também houve gládios 
e flâmulas de cores 
na primavera do que sonhei de mim. 
Também a esperança 
orvalhou os campos 
da minha visão involuntária. 
Também tive quem me sorrisse. 
Hoje estou como 
se esse tivesse sido outro. 
Quem fui não me lembra 
senão como uma história apensa. 
Quem serei não me interessa, 
como o futuro do mundo.
Caí pela escada abaixo, 
subitamente, 
e até o som de cair 
era a gargalhada da queda. 
Cada degrau era a testemunha
importuna e dura 
do ridículo que fiz de mim.
Pobre do que perdeu 
o lugar oferecido
por não ter casaco limpo 
com que aparecesse, 
mas, pobre também do que, 
sendo rico e nobre, 
perdeu o lugar do amor 
por não ter casaco bom 
dentro do desejo. 
Sou imparcial como a neve. 
Nunca preferi o pobre ao rico, 
como, em mim, 
nunca preferi nada a nada.
Vi sempre o mundo
independentemente de mim. 
Por trás disso estavam 
as minhas sensações vivíssimas, 
mas isso era outro mundo. 
Contudo, a minha mágoa 
nunca me fez ver negro 
o que era cor de laranja. 
Acima de tudo, o mundo externo! 
Eu que me aguente comigo
e com os comigos de mim. 
(Eu que me aguente Comigo - Fernando Pessoa)
Homenagem Clube de Leitura dos Poetas / Reading of Poets Society
@ClubedeLeituraP
Ilustração: Via Web.

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