Todos sofremos perdas.
Diariamente, pessoas partem.
O ciclo da vida é implacável,
não somos sementes perenes.
A nossa alma sim,
esta que brilha acima
da pedra e da carne,
espelho do céu insuspeito,
apenas cogitado.
Estamos na carne,
mas algo maior nos move,
inspira, alimenta a nossa inteligência
e emoção.
Nosso coração sangra
todos os dias,
seja pela verve da saudade,
da injustiça,
da guerra sem sentido no oriente
ou no dia a dia,
fruto da ganância
e da maldade desmedida.
Ainda assim, temos alegria,
somos sensíveis a arte
e ao voo dos pássaros.
Fechamos os olhos
para sentir o calor do sol pela manhã,
nos encantamos com a lua plena
ou casquinha,
bailando no céu vestido de estrelas.
Nossas lágrimas são rios
e nossos passos
nunca cessam.
Enquanto o tempo,
esta malha estendida,
colhe homens e mulheres,
sorrimos, amamos, vivemos
e um belo dia,
partimos.
As cortinas da eternidade
se abrem para nós
e nossos passos continuam,
como antes de chegarmos,
lembra?...
Éramos apenas semente.
A dor da saudade,
da perda,
a falta do abraço,
da briga,
da palavra,
voz e riso conhecido,
cheiro e manias,
desce sobre nós feito chicote,
abre feridas.
Nunca estamos preparados
para saudade,
essa dor silenciosa que nos tira o ar.
Sabemos que não somos eternos,
esta carne tem data de validade,
embora desconhecida,
mas a nossa alma que ama
e encanta,
detesta a separação
e a despedida.
Se agarra as lembranças,
relê cartas,
chora sobre fotos
e de mãos dadas
com memórias,
suspira.
Esse sopro de humanidade
aproxima,
envolve e hipnotiza.
O sol nasce de novo
todos os dias,
e entrega de bandeja
este ciclo da vida.
Estamos de passagem,
que possamos ser luz,
de noite e de dia,
vivendo da forma mais clara
e sendo quem somos
sem nos curvar ao medo
e sem apego aos minutos.
Cantemos alto
a canção que temos
guardada em nós,
nossa alma tem sede de sol
e dança ao luar.
(Rastro de luz by © Adriana Janaína Poeta,
2008)
Clube de Leitura dos Poetas / Reading of Poets Society
@ClubedeLeituraP
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